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Dislexia e Bilinguismo


bilinguismo e dislexia

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Neste artigo que fizemos para o blog BR+ um blog super bacana, com foco no lado positivo do Brasil, tiramos algumas dúvidas sobre a questão do bilinguismo para crianças disléxicas. É super importante conhecer, só assim podemos ser efetivos no apoio e suporte para aqueles que tem dislexia.

Boa leitura!!!

São muitas as questões que envolvem a dislexia em crianças bilíngues, e em muitas delas os especialistas não são unanimes em suas conclusões. Como exemplo, uma das principais controvérsias no meio acadêmico está relacionada ao avaliar se as crianças que crescem em ambiente bilíngue tendem a ter uma vantagem em termos de desenvolvimento cerebral. Alguns especialistas enxergam um benefício, mas muitos não identificam como uma vantagem real no fato de serem bilíngues, sob o ponto de vista de desenvolvimento do cérebro.

- OS SINAIS DE DISLEXIA APARECEM MAIS TARDE EM CRIANÇAS BILINGUES?

O que comumente acontece com as crianças bilíngues é que as dificuldades na aquisição da leitura e escrita costumam ser responsabilizadas pelo fato das crianças estarem sendo alfabetizadas em um idioma diferente do materno. Com isso, se demora mais tempo para identificar que a dificuldade não é advinda do fato de ser um segundo idioma, e sim uma indicação de dislexia.

- EXISTEM IDIOMAS MAIS FÁCEIS DE SE APRENDER?

As línguas são classificadas de acordo com a sua complexidade de transparentes a opacas. Línguas transparentes são aquelas que são em quase totalidade “um para um”, ou seja, cada fonema corresponde a um grafema (e vice-versa), enquanto que nas línguas opacas um mesmo fonema pode corresponder a mais de um grafema ou um grafema pode corresponder a vários fonemas. O inglês, por exemplo, considerado uma das línguas mais opacas, tem 120 grafemas que correspondem a 44 fonemas (Davies and Richie, 2003). Portanto, as línguas mais transparentes (finlandês, italiano, húngaro, p.ex.) tendem a ser mais fáceis para as pessoas com dislexia, enquanto que as línguas opacas (inglês, francês) apresentam maior dificuldade. O português embora não seja tão opaca como o inglês é considerada uma língua opaca (Seymour’s 2005).

Temos também o conceito de ortografia opaca e transparente, aplicando-se o mesmo raciocínio da língua às palavras. Neste contexto, estudos verificaram que quanto mais opaca a grafia, maior a incidência de erro ortográfico por parte dos alunos com dislexia.

- APRENDER A LER EM DIFERENTES LÍNGUAS AFETA O CÉREBRO?

O aprendizado das línguas transparentes, formam rotas mais visuais no cérebro, no entanto muitos fatores podem afetar essas questões, sendo mais complicado do que pode parecer.

- É MAIS DIFÍCIL PARA UMA CRIANÇA COM DISLEXIA APRENDER UM SEGUNDO IDIOMA?

Aqui temos muitas variáveis. É mais difícil sim, mas também irá depender de como esse segundo idioma será ensinado, se ele é uma língua transparente ou opaca, e o quanto de contato a criança tem com a língua.

- É MAIS FÁCIL SE A CRIANÇA FOR ALFABETIZADA PRIMEIRO EM UMA LÍNGUA E DEPOIS NA OUTRA?

Estudos mostram que é mais fácil se a alfabetização acontecer ao mesmo tempo, no idioma materno e no segundo idioma (normalmente falado na escola). Esses estudos mostram que a criança tira proveito dos aprendizados em uma das línguas (normalmente a materna) e os utiliza para facilitar o aprendizado da segunda língua. (Goldenberg, 2008; Mortimore et al., 2012)

- COMO DIAGNOSTICAR DISLEXIA EM CRIANÇAS BILINGUES?

O teste para avaliar a dislexia deve ser feito nas duas línguas. Se a criança apresentar dificuldade apenas em uma, outras possibilidades devem ser avaliadas. A criança disléxica terá dificuldade em ambos idiomas. Como a dislexia tem um forte fator genético, é importante avaliar o histórico familiar também para se fechar um diagnóstico. Alguns aspectos da dislexia podem ser menos evidentes em línguas transparentes, mas diferenças na memória de trabalho e processamento fonológico se mantém.

- COMO AJUDAR A CRIANÇA BILINGUE COM DISLEXIA?

Tanto a criança bilíngue como a monolíngue disléxica deve recorrer a trabalhos de apoio fonológicos e psicopedagógicos a fim de construir sua estratégia de aprendizado no período de alfabetização. No caso das crianças bilíngues, o ideal seria ter o apoio nas duas línguas, o que nem sempre é possível devido à dificuldade de se encontrar profissionais preparados para atuarem com crianças disléxicas que sejam também bilingues e nas mesmas línguas que a criança necessita.

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