Interdependência é um conceito que avalia que todas as ações individuais afetam o todo, bem como o todo afeta o indivíduo. Não conseguimos isolar um do outro.
Quando estamos analisando comportamentos, situações e características individuais, esse fator deve ser levado em consideração. Por exemplo, quando avaliamos uma pessoa com dislexia, não há como desconsiderar o meio onde ela está inserida, as pessoas próximas e suas contribuições. Devemos levar em conta se a pessoa teve acesso a intervenções precoces, como era o ambiente escolar, qual foi o apoio recebido pela família, se houve incentivo para superar dificuldades, se as habilidades foram encorajadas e tantas outras situações e ações que podem influenciar na dislexia da pessoa em questão.
Existe interdependência entre a dislexia, o meio e às pessoas do entorno.
Interconexão é um outro conceito importante neste contexto. Interconexão é a ligação entre dois ou mais elementos, sistemas, indivíduos etc. Voltando para o nosso exemplo da dislexia, ela não existe como característica única da pessoa. Outras características pessoais irão influenciar a relação com a dislexia, falamos aqui desde questões emocionais, como por exemplo uma ansiedade, até as questões da comorbidade com outros transtornos.
Vamos abrir um espaço para explicar o termo comorbidade, que aqui quer dizer a coexistência de um ou mais transtornos neurobiológicos.
No caso da dislexia, é fundamental falarmos em comorbidade. 80% das pessoas com dislexia tem também alguma outra questão, sendo as principais a discalculia, a disgrafia e o TDAH (veja a pesquisa).
Isso nos leva a ter um olhar de complexidade para as dificuldades de aprendizagem. Não é possível pensar somente na questão da leitura e escrita, é necessário olhar a relação com os conceitos matemáticos, a escrita à mão, a atenção, o foco, a memória, a autoestima e todo o entorno, considerando por onde aquela pessoa passou, quais foram os incentivos ou as cobranças, se houve acolhimento emocional etc.
Como costumamos dizer: Não há um disléxico igual ao outro. (conheça mais no e-book sobre dislexia)
Nesse momento você pode estar ficando apreensivo(a) com a complexidade da situação e como você vai fazer para olhar tudo isso e considerar todos esses fatores da interdependência e na interconexão no momento de apoiar uma pessoa com dislexia.
Não fique preocupado(a)!!! É aqui que entra a simplicidade.
O que precisamos é de um olhar atento e prontidão. Já vimos que não há “receita de bolo”, a atividade ou estratégia que será eficiente para todos. Lógico que temos alguns caminhos já mapeados pela ciência, como o uso do método fônico na alfabetização para gerar melhores resultados de aprendizagem. Veja também outros recursos amigáveis no e-book de materiais adaptados. No entanto, como o método será aplicado, também pode ser diverso.
Atenção e prontidão irão garantir que ao aplicar as estratégias indicadas na aprendizagem de quem tem dislexia, você esteja sempre observando a evolução, a retenção daquele aprendizado e seja rápido na correção de rumo, caso seja interessante mudar de estratégia porque a escolhida não está surtindo efeito.
A educadora ou educador com atenção e prontidão fazem a diferença para todos os estudantes, com ou sem dislexia, são todos únicos em seu processo de aprendizagem, em suas dificuldades e habilidades, em suas singularidades.
Nadine Heisler Educadora e Coordenadora do Instituto Domlexia
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