A dislexia é um transtorno neurobiológico, que causa um funcionamento diferente de algumas funções cerebrais, proporcionando por um lado uma criatividade aguçada e uma visão ampla de problemas e situações e por outro lado trazendo uma maior dificuldade na aquisição de leitura e da escrita.
Os professores precisam saber também que cerca de 10 a 15% da população é disléxica, sendo que das crianças com dificuldades de aprendizado, elas são 80%.
Intervenção
Quanto mais cedo é identificada a dislexia, mais cedo são realizadas as intervenções e a criança pode superar a barreira da alfabetização com menor sofrimento.
As intervenções estão normalmente relacionadas ao trabalho com fonemas, ajudando a criança a ganhar consciência fonológica e poder relacionar fonemas com a grafia correta das palavras.
Além dessa intervenção, a arte também pode ajudar muito, tornando as letras mais palpáveis. Por exemplo, fazer as letras do alfabeto em argila, ou trabalhar o reconhecimento das letras utilizando-se um alfabeto em madeira, podem ser muito produtivos.
Exposição
O professor não deve de modo algum expor o aluno naquilo em que ele não está habilitado a fazer. O aluno com dislexia não deve ser chamado para leitura em voz alta na frente do grupo ou por exemplo, seu texto não deve ser mostrado ao grupo em correções ortográficas ou de formatação.
Não é doença
A dislexia não é uma doença, trata-se de uma característica, como por exemplo, ter um olho azul ou castanho. Olhos azuis são mais sensíveis à luminosidade e sempre o serão. O disléxico poderá superar a dificuldade inicial da alfabetização e se tornar um bom leitor, mas sempre demandará um esforço adicional.
Livros
Livros com apoio visual facilitam a compreensão e ajudam a criar o hábito da leitura. Hoje em dia já temos disponíveis diversos textos clássicos e outros atuais de extrema qualidade em quadrinhos. Esse formato é o preferido dos disléxic@s.
Fonte (Letras)
Use sempre fontes que são mais amigáveis, como a Comic Sans, Sassoon ou Arial.
EVITE Times New Roman ou qualquer fonte cursiva.
Nas provas e testes, sempre que possível imprima a prova do aluno com dislexia com a fonte Open Dyslexic (é gratuita e facilita demais a leitura).
Nos textos não use a tabulação "justificado" onde todas as linhas terminam juntas, isso torna a leitura uma armadilha.
O uso de numerações, bullets e apoio visual como por exemplo marcar em negrito as palavras chave, facilitam a leitura e a memorização do conteúdo.
Vocabulário
Explique as palavras não usuais, é importante que os alunos tenham o conhecimento do sentido de cada nova palavra e que isso não seja um item a dificultar a compreensão do conteúdo.
Tarefas com leitura
As tarefas que envolvam leitura devem respeitar o ritmo do aluno, não devendo sobrecarregá-lo. Verifique sempre se o aluno tem algum tipo de ajuda em casa, se por exemplo o pai/mãe ou um irmão pode fazer parte da leitura para ele.
Apresentação do conteúdo
Evite colocar muita informação em uma única tela de Powerpoint, evitando que o aluno se preocupe em copiar uma quantidade muito grande de informação.
O apoio visual é muito importante, passe a informação de outras maneiras, por exemplo utilizando vídeos ou gráficos.
Não é só em aula de Português
A dificuldade de leitura e escrita afeta o aprendizado em todas as matérias, e portanto todos os professores devem conhecer as características da dislexia e não somente aqueles que dão aula de Língua Portuguesa.
Disgrafia - Discalculia - Déficit de Atenção - Dispraxia - Funções Executivas
É bastante comum que a criança com dislexia tenha outras características associadas, principalmente:
Disgrafia - relacionada a dificuldade motora em escrita e a cópia com erros ortográficos
Discalculia - dificuldade na memorização matemática e realização de cálculos
Déficit de Atenção - dificuldade de foco e muita impulsividade
Dispraxia - dificuldade na coordenação motora ampla
Funções executivas - aqui o mais comum é a dificuldade de organização, senso de tempo, memória para as tarefas, etc.